terça-feira, 29 de maio de 2012

I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradição Filosófica: Nietzsche e a Tradição Kantiana


(Prazo para submissão de trabalhos prorrogado)


O Grupo Nietzsche da UFMG (GruNie) promove entre os dias 02 a 06 de Outubro de 2012 o I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradição Filosófica. O evento, realizado em parceria com os programas de Pós-graduação em Filosofia da UFMG e do Mestrado em Estética e Filosofia da Arte da UFOP, terá lugar na FAFICH/Belo Horizonte nos dias 02 a 04 de outubro, e no IFAC/Ouro Preto, nos dias 05 e 06 de outubro. Em sua primeira edição, o evento terá como tema Nietzsche e a Tradição Kantiana. Este tema inclui não apenas as diversas formas de recepção de Kant por Nietzsche (contestação, aceitação, assimilação e reformulação de teses propostas originalmente por Kant nos domínios da filosofia teórica, prática e estética), como também o papel desempenhado por diversos autores do século XIX alemão na mediação desta recepção (Arthur Schopenhauer, Friedrich Albert Lange, Afrikan Spir, Otto Liebmann, Otto Caspari, Herman Helmholtz) e, por fim, uma apreciação da pertinência das críticas de Nietzsche a certos aspectos da filosofia kantiana à luz de releituras contemporâneas do kantismo. Trata-se, por fim, de um congresso internacional que contará entre seus conferencistas principais com pesquisadores de diversos países e nacionalidades, e oriundos dos principais centros de pesquisa dedicados ao filósofo alemão (Holanda, Alemanha, Inglaterra, Itália, Estados Unidos, Portugal, Líbano, Noruega, Brasil).
O I Congresso Internacional Nietzsche e a Tradição Filosófica hospedará ainda o IV International Workshop on Nietzsche & Kant, um workshop itinerante idealizado pelos professores Herman Siemens (Leiden University/Holanda) e Tom Bailey (John Cabot University/Roma) e cujas primeiras edições ocorreram em Leiden, Londres e Lisboa nos últimos dois anos. Na sua IV edição, o workshop discutirá o modo como Nietzsche reagiu ao tratamento kantiano do tema da religião em suas diversas facetas. Isso envolve a recusa kantiana do projeto filosófico moderno de fundar certos itens da crença religiosa na razão natural, ou seja, sua recusa da teologia racional; assim como suas tentativas de tornar plausível, pelo chamado uso defensivo ou polêmico da razão, o projeto alternativo de fundamentar certos conteúdos da crença religiosa no raciocínio moral em obras capitais como a Crítica da Razão Pura, Crítica da Razão Prática, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Crítica da Faculdade de Julgar e A Religião nos Limites da Mera Razão. Por fim, o modo como ele concebeu a relação entre religião, filosofia da história e política nos diversos opúsculos.

A Comissão Organizadora estará recebendo submissões de trabalho para apresentação de comunicações de 30 minutos (incluindo o tempo de discussão) em sessões paralelas. Propostas para comunicações devem ser enviadas na forma de um resumo com no máximo 400 palavras até o dia 15 de julho de 2012, juntamente com um pequeno CV (não mais que uma página) via e-mail para o seguinte endereço: nietzscheandkantufmg2012@gmail.com (Rogério Lopes/Giorgia Cecchinato). As propostas podem sre apresentadas em português, inglês e espanho. A seleção das propostas de comunicação pelo Comitê Científico deverá ocorrer até o dia 25 de julho. Serão particularmente bem-vindas comunicações que tratam dos seguintes tópicos relacionados ao tema geral do congresso:


·           A natureza e o lugar da experiência estética nas filosofias de Kant e Nietzsche
·           Nietzsche e a retomada do kantismo na segunda metade do século XIX
·           Nietzsche e os programas de naturalização da filosofia transcendental
·           A reação de Nietzsche à controvérsia em torno da Estética Transcendental de Kant
·           Esclarecimento e Modernidade
·           Psicologia moral & Liberdade, indivíduo e autonomia
·           Coisa em si e fenômeno
·           Fenomenismo em Kant e Nietzsche


Chamada de trabalhos e maiores informações sobre o Congresso, conferir no seguinte endereço:






Centro Onassis oferece a Sócrates um novo julgamento

Na última sexta-feira o Centro Cultural Onassis, sediado em Atenas, propôs ao público um cursioso experimento: uma reedição do julgamento de Sócrates, com um corpo de jurados formado por renomados juristas da Europa e dos Estados Unidos. O processo, que se arrastou por horas a fio, foi transmitido pela Internet e contou também com um júri popular. O resultado é um olhar instrutivo sobre o evento que marcou, de forma traumática e decisiva, as relações entre a filosofia e a política na cultura ocidental. Pena que não tenha tido lugar em um momento mais auspicioso da história grega. O resultado desta reedição do julgamento de Sócrates: empate entre o corpo de juristas (5 a 5), o que pode causar alguma surpresa, mas em todo caso um resultado suficiente para inocentá-lo. O  júri popular foi bem mais favorável a Sócrates: 584 votos a favor da inocentação contra 5 favoráveis à condenação. Todo o processo pode ser acompanhado no link disponibilizado no Open Culture (em inglês) ou acessado diretamente no site do Centro Cultural Onassis (versões em grego, inglês e francês). A sessão tem quatro horas e duração e a sentença de Sócrates (que o inocenta) é promulgada após 3 horas e 55 minutos.

domingo, 27 de maio de 2012

Leitura ficcionalista de Nietzsche é retomada por Anderson Araújo em sua Dissertação de Mestrado

O Grupo Nietzsche da UFMG tem o prazer de convidar todos os interessados para a sessão de Defesa de Dissertação de Anderson Manuel de Araújo, que ocorrerá no dia 04 de Junho de 2012, às 14:00h, na FAFICH/UFMG, auditório Baesse (sala 4059). Intitulada "Considerações sobre o erro e a ficção nas obras do período intermediário de Nietzsche", a Dissertação de Mestrado de Anderson Araújo retoma uma antiga, mas relativamente negligenciada tradição de leitura de Nietzsche como um filósofo comprometido com uma posição ficcionalista, que confere uma grande atenção ao caráter produtivo do erro em sua descrição dos diversos fenômenos humanos nos campos da moral, cognição, religião, estética. Esta tradição de interpretação foi iniciada por Hans Vaihinger no início do século XX e retomada recentemente por autores como Michael S. Green e Nadeem J. Z. Hussain. O elemento ficcional na obra de Nietzsche remete à sua inserção na tradição kantiana. A noção de ficção se inspira em algumas considerações de Kant difundidas tanto na Dialética Transcendental quanto na chamada Terceira Crítica, obra com a qual Nietzsche esteve envolvido no início de 1868, quando cogitou escrever uma Tese de Doutoramento sobre o conceito de Teleologia tomando como ponto de partida precisamente as considerações kantianas sobre o tema. Entre as notas que Nietzsche tomou para a futura Tese de Doutoramento encontra-se o questionamento da dicotomia kantiana entre juízo determinante e juízo reflexionante, assim como a sugestão de que a distinção entre as dimensões constitutiva e regulativa da cognição era menos nítida do que supunha a ortodoxia do kantismo. Estas sugestões, formuladas na forma de notas prévias para o trabalho de doutoramento, estão na origem do projeto nietzscheano de conversão da doutrina kantiana das categorias em um ficcionalismo generalizado, projeto que o próprio Nietzsche não consumou, mas deixou como tarefa para a filosofia futura.
Contra o pano de fundo de tais considerações, Anderson Araújo procura mostrar que todos os fenômenos humanos se movem no horizonte do erro e da ficção, o que inclui não apenas as formas de vida gregárias, mas também aquelas que Nietzsche associa ao espírito livre. Neste sentido, o desafio que se coloca ao longo das obras do período intermediário será o de descobrir um critério que permita hierarquizar minimamente tais sistemas de ficções e que permita ao filósofo manter o seu compromisso com a integridade intelectual, sem se tornar, com isso, vítima de seus excessos. Neste percurso, sugere Anderson Araújo, Nietzsche se depara com a noção de expansão da vida como um princípio capaz de cumprir esta função avaliativa no âmbito das ficções. 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Normatividade em Nietzsche será tema de conferência do Prof. Peter Railton na UFMG

O Professor Peter Railton estará no Departamento de Filosofia da UFMG na próxima quinta-feira, dia 17 de maio, a convite do Prof. Leonardo de Mello Ribeiro, para uma conferência e posterior discussão acerca do tema Normatividade em Nietzsche. Temos o prazer de convidar todos os interessados pelo tema a comparecerem à conferência, que ocorrerá no Auditório Baesse, no quarto andar da FAFICH (sala 4059), às 16:00h. O Professor Peter Railton leciona no Departamento de Filosofia da Universidade de Michigan e publicou extensamente sobre o tema da normativade moral, tendo se ocupado também de questões relacionadas à teoria da explicação científica. Recentemente o Prof. Peter Railton tem se interessado por questões relacionadas à estetica, à psicologia moral e à teoria da ação, assim como ao impacto de resultados de psicologia empírica e da biologia evolucionista sobre a reflexão conceitual nestes domínios da análise filosófica. A conferência do Prof. Peter Railton tratará, entre outras coisas, da complexa e desafiadora questão posta pelas relações entre naturalismo e normatividade, explorando as possibilidades de se extrair da obra de Nietzsche uma posição consistente acerca da normatividade que não precise recorrer prioritariamente ao chamado vocabulário deontológico, orientado pelas noções de dever e de princípios, e que não pressuponha uma concepção do agente inflacionada por categorias metafisicamente suspeitas, tais como a de vontade livre e autodeterminação. A normatividade em Nietzsche se desloca deste âmbito para o âmbito de nossas práticas avaliativas mais gerais (não especificamente morais), como ocorre na apreciação de uma obra de arte e na realização bem-sucedida de atividades que não requerem a aplicação explícita de regras e a mobilização de todo o nosso aparato reflexivo. As condições para uma performance bem-sucedida e digna de admiração nestes contextos depende de um tipo de racionalidade, digamos, incorporada, resultado de um longo treino e que pode prescindir da mobilização consciente de preceitos ou princípios abstratos e de tudo o mais que usualmente identificamos com o silogismo prático. Conferência e debate serão em inglês. Para os interessados, é possível disponibilizar com antecedência uma versão em PDF do paper que será objeto de discussão.